Embora vivamos em uma sociedade democrática, ainda convivemos com muitos preconceitos que dificultam muitas vivências no que diz respeito às diferenças. Um dos grandes desafios são as questões de gênero e sexualidade.
Podemos associar esses preconceitos às questões morais e religiosas, à falta de debates sérios e de informações adequadas. O fato é que se faz cada vez mais urgente a abertura, em diferentes espaços, para conversas mais qualificadas a respeito do assunto, buscando assim garantias e direitos à liberdade e, principalmente, segurança àquelas pessoas que vivem diferente da expectativa mais hegemônica.
Há pouco tempo desenvolvi um projeto sobre sexo, gênero e orientação sexual a partir de uma análise literária, e foi assim que conheci Lili Elbe – a segunda pessoa no mundo a passar por uma cirurgia de transgenitalização na Dinamarca dos anos 1920. Lili Elbe, mais conhecida como A Garota Dinamarquesa da obra de David Ebershoff, tomou toda minha atenção e curiosidade. Hoje, um ano e meio depois de sermos apresentados, sua história de coragem me despertou para outras histórias igualmente interessantes. Assim o interesse pelos enfrentamentos e vivências de jovens dissidentes de gênero e sexualidade, das contemporâneas “Garotas Dinamarquesas” e os desafios que ainda enfrentam no século XXI. Como esses jovens, garotos e garotas, dissidentes de gênero enfrentam a luta em uma sociedade essencialmente binária em termos de gênero e heteronormativa? Quais são esses enfrentamentos?
Além disso, há outro aspecto importante deve ser levado em conta: a escola! Por isso o blog conta com o espaço Trans-escola, onde os jovens podem dividir histórias positivas vividas nas escolas, ao fazer parte da minha pesquisa atual: “A produção das identidades em ambiente escolar: experiências contemporâneas de jovens dissidentes de gênero e sexualidade nas escolas de Mato Grosso do Sul inspirados na obra A Garota Dinamarquesa”.
Essa pesquisa é referente ao meu trabalho como como bolsista ICJ/CNPq e é orientada pelo Prof. Dr. Tiago Duque, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Ela está vinculada ao Impróprias – Grupo de Pesquisa em Gênero, Sexualidade e Diferenças. É importante ressaltar que evidenciar as vivências positivas não se trata de negar as outras, que sabemos são comuns, mas de motivar pessoas e instituições a fazerem diferente, a transformar esse ambiente tão hostil à pessoas estigmatizadas por seu gênero e sexualidade.
Assim, o blog Transidentidades surge como uma possibilidade de reunir essas histórias, e expô-las com o objetivo de permitir o encorajamento de outros jovens, assim como a história de Lili Elbe tem feito há décadas.
Entre, leia e fique à vontade para se inspirar, refletir, criticar e talvez, dividir com a gente sua história!